quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Marketing aumenta a arrecadação dos clubes

Projeção da Crowe Horwath RCS aponta que montante deve representar cerca de 15% do faturamento total dos times; Corinthians foi o que mais ganhou em 2009.
Aos poucos, os clubes brasileiros estão reduzindo a dependência das vendas de craques ao futebol exterior para fechar suas contas. As projeções da consultoria Crowe Horwath RCS indicam que os times brasileiros devem faturar neste ano um valor próximo de R$ 2,1 bilhões, dos quais cerca de R$ 313 milhões (15%) se forem levadas em conta apenas as receitas oriundas de contratos de marketing e publicidade.
Esse montante, se confirmado, representa um crescimento superior a 15% em relação aos R$ 270 milhões faturados pelos clubes em 2009 - que foi de R$ 1,9 bilhão no total -, segundo cifras recentemente consolidadas pela consultoria. A transferência de atletas ao exterior, que representava 37% do volume de recursos em 2007, caiu para 19% no ano passado.
Dentro deste cenário, os principais clubes brasileiros se preparam para pegar carona na onda de crescimento. Tudo isso sob o olhar de departamentos de marketing, fornecedores de materiais esportivos e ainda de rede varejistas, que certamente apostarão na fidelização do público. Afinal de contas, foi-se o tempo em que a principal fonte de renda dos clubes era a venda de jogadores ao exterior. Hoje em dia, com a profissionalização dos dirigentes dos principais times, existem outras maneiras de se ganhar dinheiro. Entre elas está a venda de produtos licenciados.
Camisetas oficiais, agasalhos, chuteiras, bonés, chaveiros, bolas, copos e até lingerie e peças de moda íntima entraram no catálogo oficial oferecioferecido pelos clubes. A venda de camisetas oficiais tem aumentado de maneira importante a receita para os clubes e, com isso, novos investimentos devem ser feitos nessa área nos próximos anos.
Em 2009, por exemplo, o São Paulo Futebol Clube faturou o equivalente a 10% de toda a sua receita a partir da venda de produtos licenciados nas lojas Sao Store, criadas pelo próprio time em parceria com a Reebok . A rede já tem unidades nos shoppings Pátio Paulista, Center Norte, Ibirapuera e na rua Oscar Freire. Mas o plano do clube do Morumbi é de abrir mais três unidades ainda este ano no interior do Estado, e quatro fora de São Paulo até 2011. Outro caso notório aconteceu em maio, quando o Palmeiras, mesmo atravessando um período difícil dentro dos gramados, entrou no grupo dos cinco clubes de futebol que mais vendem material esportivo da Adidas no mundo. Na frente do clube paulista estão apenas os gigantes Real Madrid, Milan, Chelsea e Bayer de Munique. Em razão do bom desempenho, a Adidas já propôs uma acordo para renovação do contrato para fornecimento de material para o clube até 2015. O patrocínio atual, válido de 2009 a 2011, rende aos cofres do Palmeiras R$ 9 milhões por ano."Os clubes sempre foram muito ruins para divulgar suas marcas e conseguir dinheiro. Com a parceria da iniciativa privada, de varejistas com a mente mais aberta, isso mudou para melhor", avalia Claudinei Santos, coordenador e professor do núcleo de estudos de negócios do esporte da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), e que também é diretor de projetos da pós-graduação da instituição. Santos ressalta que a situação financeira estável do Brasil tem ajudado, e muito, na hora do varejo aproveitar a febre do futebol. "Hoje, todas as classes gostam de futebol e todas as classes têm acesso aos produtos. Como marcas,clubes e seleções são muito fortes. Com a excitação pela Copa de 2014, as vendas serão ainda mais alavancadas", diz o especialista, ao lembrar que esse mercado há anos já vive uma tendência de alta. Com esse aumento pela demanda de materiais esportivos, as fabricantes já procuram novas formas de se solidificar no mercado. Na Adidas, a perspectiva é dobrar o tamanho do negócio de produtos voltados à prática do futebol no País ainda neste ano. Para essa estratégia de crescimento manter o ritmo atual, será fundamental destacar sua presença até 2014. Manter contratos de fornecimento de material esportivo no País com grandes clubes, como o Palmeiras e o Fluminense, faz parte dessa estratégia. A cada Copa do Mundo a comercialização de produtos relacionados ao futebol aumenta entre 20% e 30%, pelas projeções da Adidas. Em 2006, a companhia faturou R$ 1,2 bilhão só com o futebol. Vendeu 15 milhões de bolas e mais de 500 mil uniformes apenas da seleção alemã, que segue sendo uma das 12 que a marca patrocina este ano.A iniciativa da Adidas é também uma forma de não deixar concorrentes que estão em boa posição estratégica no mercado brasileiro dominarem por completo o espaço. A Nike, por exemplo, é, desde 1997, a patrocinadora oficial da Seleção e, além disso, tem contrato com o Corinthians, uma das maiores torcidas do Brasil. Segundo Luís Paulo Rosemberg, vice-presidente de marketing do Corinthians, apenas neste ano, em que o clube paulista comemora seu centenário, a expectativa é de vender mais de 1,5 milhão de camisas oficiais.

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